PROJETO PREMIADO NA 14º PREMIAÇÃO DE ARQUITETURA IAB-MG | MELHOR PROJETO NA CATEGORIA URBANISMO E PAISAGISMO
No Instituto Inhotim a exuberância da natureza está presente por toda parte. Entremeada por galerias, paisagismo e obras de arte, a paisagem natural é um dos diferenciais deste espaço tão rico e diverso. Qualquer inserção, arquitetônica ou artística, tem como moldura e pano de fundo as montanhas e matas.
Além dos espaços voltados à arte, há edificações administrativas, de pesquisa e de educação que abrigam as demais atividades desenvolvidas pelo Instituto, que se tornou recentemente um Jardim Botânico. Destas, uma área especialmente interessante é o Viveiro.
Localizado em uma grande área elevada, é no Viveiro que se faz a reprodução de plantas e se desenvolvem pesquisas botânicas e trabalhos voltados à educação ambiental. Em função da grande relevância das atividades ali desenvolvidas, o Instituto optou por ampliar a visitação deste espaço, e para isso se fez necessária a criação de um elemento que marcasse a entrada do Viveiro, e especialmente do Viveiro Educativo.
De início, a idéia de destacar a paisagem neste projeto se colocou como ponto de partida e premissa essencial. Era preciso evidenciar que ali é um local de visitação, e também criar áreas cobertas de apoio, porém nossa intenção não era a de obstruir a visada peatonal com uma edificação.
A intenção do cliente era que a edificação pudesse ser um ponto de controle e segurança, além de um marco edificado de acesso ao viveiro educativo. Para manter a idéia de desobstrução da paisagem, foi preciso “desmaterializar” o programa inicialmente solicitado pelo cliente.
Desta forma, promoveu-se uma transformação híbrida entre as disciplinas de projeto: a arquitetura virou urbanismo que se transformou em paisagismo. A edificação que seria uma portaria tornou-se um espelho d´agua aberto para paisagem; a intervenção que era um volume sólido passou por uma fusão e se liquidificou. Como resultado, a linha do horizonte foi preservada e a natureza se posicionou como protagonista.
Tirando partido da declividade existente no terreno, a proposta foi de ampliar a visada do horizonte por meio de uma esplanada molhada, e locar as áreas cobertas no nível inferior. Foi implantada uma laje, no nível da rua de acesso, que coberta por uma lâmina d’água marcaria de forma sutil a entrada do Viveiro Educativo. Abaixo desta laje, por meio do desnível de aproximadamente 3,60 metros, foram locadas as Instalações Sanitárias, Central de Vigilância e a Sala de Atividades do Viveiro Educativo, com um depósito lateral. O balanço da laje com 4,75 metros amplia a área de atividades e extrapola os limites da sala, permitindo a ocupação de todo o espaço em ações educacionais e exposições. Contíguo a esta área coberta, um grande platô ajardinado torna ainda mais viva e diversa a relação entre educação e natureza.
Promovendo a conexão entre os dois níveis, surge uma rampa nada convencional.
Este elemento, que poderia ser um mero acesso, proporciona uma experiência sensorial: no nível da rua, a rampa com suas paredes inclinadas para fora convida ao caminhar; mas logo abaixo uma árvore (existente no local) sinaliza a mudança de direção, as paredes laterais se tornam altas e se fecham para dentro, instigando a curiosidade; e o trajeto finaliza se abrindo para o platô ajardinado, que descortina mais uma vez a paisagem deslumbrante.
As mudanças de direção da rampa, além de atender a esta experimentação de sensações, responde a uma necessidade técnica: para que a declividade respeitasse a norma de acessibilidade foi necessário ampliar o percurso; uma rampa reta não seria capaz de vencer o desnível de forma acessível.
DADOS DO PROJETO
- LOCAL: Inhotim | Brumadinho | MG
- ÁREA CONSTRUÍDA: 5.070,00 m²
- DATA DO PROJETO: 2012
FICHA TÉCNICA
- AUTORES: Pedro Doyle Cesar, Alessandra Guimarães Carvalho
- COLABORADORES: André de Almeida Resende, Luisa Soares da Cunha Guimarães, Rafael Gomes Duarte, Estevam Quintino Gomes Junior
- CONSULTORES: Pedro Nehring (paisagismo)
